Saúde e Meio Ambiente: Conexões Vitais para a Justiça Social
- Mariana Duarte Cruz
- 5 de jun.
- 2 min de leitura

O que respiramos, comemos e sentimos está profundamente ligado ao ambiente ao nosso redor. A ideia de que meio ambiente e saúde pertencem a campos distintos já não se sustenta diante da realidade. A degradação ambiental — em suas diversas formas — tem efeitos diretos e indiretos sobre a saúde das pessoas, afetando especialmente as populações mais vulnerabilizadas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 23% das mortes globais poderiam ser evitadas com a redução de riscos ambientais, como a poluição do ar e da água, exposição a produtos químicos tóxicos, mudanças climáticas e práticas insustentáveis de uso do solo. São milhões de vidas perdidas a cada ano por causas que poderiam ser prevenidas com políticas públicas integradas e eficazes.
Respirar deveria ser um ato simples e seguro, mas não é o que acontece com a maioria da população mundial. Segundo dados da OMS, cerca de 99% das pessoas no planeta respiram um ar que ultrapassa os níveis aceitáveis de poluição. Essa exposição constante está associada ao aumento de doenças respiratórias, cardiovasculares e até neurológicas. Crianças e idosos estão entre os mais afetados, mas o impacto atinge a todos — especialmente aqueles que vivem em regiões urbanas densamente povoadas e com pouca infraestrutura.
A relação entre saúde e meio ambiente também está presente no acesso à água potável e ao saneamento básico. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, ambientes contaminados — especialmente em contextos de pobreza — contribuem para a disseminação de doenças evitáveis como cólera, dengue e infecções intestinais. No Brasil, as desigualdades sociais se sobrepõem às desigualdades ambientais, aprofundando injustiças históricas.
Essa sobreposição dá origem ao que estudiosos e ativistas chamam de injustiça ambiental ou injustiça climática: quando os impactos da degradação ambiental recaem, de forma desproporcional, sobre populações negras, indígenas, periféricas e trabalhadoras. São territórios frequentemente ignorados pelo poder público, mas que enfrentam com intensidade os efeitos das enchentes, da seca, da contaminação dos recursos naturais e das ondas de calor extremo — eventos cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas.
Pensar em justiça ambiental é, portanto, pensar também em saúde pública. Os efeitos da emergência climática ultrapassam o debate ecológico e se inserem na vida cotidiana — no acesso ao alimento, à moradia segura, ao transporte, ao emprego e ao próprio direito de existir com dignidade.
Precisamos de políticas públicas que reconheçam essas conexões e atuem de forma integrada. Isso significa fomentar energias limpas, ampliar áreas verdes nas cidades, garantir saneamento básico, fortalecer a vigilância ambiental e epidemiológica e adotar medidas efetivas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
O meio ambiente não é cenário: é parte essencial da nossa existência. E proteger o planeta é, mais do que nunca, proteger a vida humana — especialmente aquelas vidas historicamente mais negligenciadas.
Fontes consultadas:
Fiocruz: Saúde do planeta e da humanidade estão interligadas
SciELO / Saúde e Sociedade: Ambiente e saúde na agenda da justiça social
OMS / OPAS: 99% da população respira ar insalubre
ONU Brasil: Um meio ambiente saudável é um direito humano
WRI Brasil: O que é justiça climática




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