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Pacto pela vida: proposta de tratado global da OMS reforça a urgência de prevenir novas tragédias


Após três anos de negociações, mais de 190 países chegaram a um consenso sobre o texto-base de um acordo internacional para a prevenção, preparação e resposta a futuras pandemias. A proposta, formulada no âmbito da Organização Mundial da Saúde (OMS), será apresentada na Assembleia Mundial da Saúde, prevista para o final de maio, em Genebra.


Conhecido como “Tratado de Pandemias”, o documento busca garantir que o mundo esteja mais preparado para enfrentar novas crises sanitárias com coordenação, solidariedade e responsabilidade. Entre os principais pontos do acordo estão o compartilhamento equitativo de vacinas e insumos médicos, o fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde, a garantia de financiamento internacional em situações de emergência, o combate à desinformação e a transparência na comunicação de riscos e dados epidemiológicos.

Trata-se, sem dúvida, de um avanço diplomático. Mas a história recente nos obriga a perguntar: de que adiantam protocolos e tratados se os governos não se comprometerem com a vida?


No Brasil, vivemos uma das páginas mais tristes da nossa história. A pandemia da Covid-19 escancarou um sistema que falhou com milhões — especialmente os mais vulneráveis. Sob a condução de um governo negacionista, que zombou da ciência, desprezou o uso de máscaras, desestimulou o distanciamento social e atrasou deliberadamente a compra de vacinas, perdemos mais de 725 mil brasileiros e brasileiras. Uma tragédia que poderia ter sido, em parte, evitada. Estimativas da Universidade Federal de Pelotas, em parceria com outras instituições, indicam que mais de 120 mil vidas poderiam ter sido salvas com uma resposta mais rápida e baseada na ciência.


Não se tratou apenas de omissão, mas de uma política deliberada de desinformação e desprezo pela vida. O então presidente Jair Bolsonaro imitou pessoas com falta de ar, desdenhou da dor das famílias e sabotou medidas recomendadas pela própria OMS. Sua conduta, reconhecida internacionalmente como genocida, deixou marcas profundas em um país já desigual. Por isso, a aprovação de um tratado como esse não pode ser celebrada apenas como avanço diplomático. É preciso que se transforme em ação concreta — com mecanismos de responsabilização para líderes que optam pela barbárie.


Enquanto isso, o mundo observa com preocupação a intenção declarada dos Estados Unidos — sob a liderança de Donald Trump — de se retirar da OMS em janeiro de 2025. Um gesto perigoso, que contraria o espírito de cooperação global tão necessário diante das ameaças sanitárias, climáticas e sociais que enfrentamos.


A Associação Vida e Justiça acredita que o verdadeiro compromisso com a prevenção de novas pandemias exige mais do que tratados formais. Exige memória, justiça, coragem política e reparação às vítimas.


Ainda assim, a iniciativa da OMS e dos países que a compõem representa um passo importante na direção certa. Que esse tratado se transforme em ação concreta, capaz de garantir que nenhuma vida seja novamente negligenciada. Seguimos acreditando na força da ciência, da solidariedade e da memória para construir um futuro mais justo, saudável e humano para todos.


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