"Esperaremos a próxima pandemia para chorar novamente?", questiona o Secretário Carlos Gadelha sobre importância do Acordo Mundial de Pandemias
- Vida e Justiça

- 2 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
A 77ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS), principal órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS), que está sendo realizada em Genebra, na Suícha, chega ao fim hoje (02/06) sem a apresentação do chamado Acordo das Pandemias. A expectativa era que um novo instrumento internacional sobre preparação, prevenção e resposta a pandemias fosse apresentado durante o evento.
Anunciado em março de 2021 pela liderança da OMS e chefes de estado, principalmente da Europa, o acordo tinha como objetivo evitar a repetição das falhas observadas na resposta global à COVID-19. As discussões para elaboração do texto do acordo, conduzidas pelo Órgão Intergovernamnetal de Negociação (INB), ocorreram ao longo de nove encontros, após consultas técnicas e participações da sociedade civil, e, segundo a Nota Técnica divulgada pelo Grupo de Trabalho Acordo sobre Pandemias e Reforma do RSI – Fiocruz/USP, obtiveram avanços consideráveis em diversas áreas. Ainda assim, divergências significativas entre os países membros, resultaram no adiamento da conclusão do Acordo.
As principais divergências são sobre questões como transferência de tecnologia e financiamento, o que têm impedido o progresso nas negociações. A falta de consenso reflete a divisão entre os interesses do Norte e do Sul Global, destacando a necessidade urgente de cooperação internacional. Esse atraso coloca em risco a capacidade de resposta coordenada e equitativa, especialmente para os países mais vulneráveis.
O Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde no Brasil, Carlos Gadelha, reforçou em sua fala na abertura da Assembleia Mundial da Saúde, a importância deste acordo:
“Reconstruiremos a ordem da saúde global após milhões de mortes ou esperaremos a próxima pandemia para chorar novamente?”.
Gadelha explicou que importantes avanços foram registrados, mas que é imprescindível considerar "as assimetrias econômicas e tecnológicas que foram fortemente reveladas durante a pandemia”. Ressaltou ainda que o Brasil só atingiu o índice de cobertura vacinal dos países desenvolvidos quando a produção local aumentou. “Envolveu um mecanismo de transferência baseado numa longa história de produção local que, infelizmente, foi uma exceção global”, disse.
O adiamento da conclusão do Acordo Mundial das Pandemias representa um sério risco à preparação e resposta global a futuras crises sanitárias. A rápida finalização do acordo é essencial para evitar os erros do passado e assegurar que o mundo esteja melhor preparado para enfrentar futuras pandemias, protegendo principalmente os países mais vulneráveis e garantindo uma resposta coordenada e eficiente.
Fontes:
VENTURA, D.F.L.; CARMO, E.H.; GALVÃO, L.A.; VIEGAS, L.L.; BERMUDEZ, L.; REGES, P.P.S.; SERRA, I.L. BUSS, P.M. Nota da Coordenação do GT sobre o adiamento da conclusão do acordo sobre pandemias. Grupo de Trabalho Acordo sobre Pandemias e Reforma do RSI – Fiocruz/USP, São Paulo/Rio de Janeiro, 26/05/2024. Disponível em <saudeglobal.org> Ministério da Saúde - https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2024/maio/na-oms-brasil-defende-acordo-sobre-pandemias-com-maior-acesso-a-saude#:~:text=Na%20OMS%2C%20Brasil%20defende%20acordo%20sobre%20pandemias%20com%20maior%20acesso%20%C3%A0%20sa%C3%BAde,-Em%20discurso%20na&text=Durante%20a%20abertura%20oficial%20da,cr%C3%ADtica%20para%20a%20sociedade%20humana%E2%80%9D.










Comentários